A Bunda
Sampaio 0 x 1 Juventude - RS
Tem
dias que nem reza braba adianta. O gol não sai e pronto. Lembro que uma vez,
num jogo contra o Paysandu, vi a bola bater nas duas traves, nas costas do goleiro
e não entrar. Incrédulo, me sentei, acabei minha cerveja e fui embora do
estádio. Sabia que aquele gol não sairia.
A
mesma sensação veio no jogo contra o Juventude, aos 27 minutos do primeiro
tempo. O Sampaio jogava melhor, chegava com mais brio à defesa do time do sul,
levava mais perigo. Até que veio o lance fatídico, depois de um encontrão com o
goleiro, a bola sobra pra Eloir dentro da área, o gol mais aberto que o mar
vermelho para Moisés e então vem o chute profético.
Paro
um pouco. Um gol oficial possui duas traves verticais, com o tamanho de 2,44
metros de altura, separados por um poste, na horizontal, com 7,32 metros. São
17,86 m² para chutar uma bola cuja circunferência é de aproximadamente 70 cm.
Qual a probabilidade de errar?
No
meio do caminho tinha uma bunda, tinha uma bunda no meio do caminho. O combativo
Eloir conseguiu acertar em cheio a bunda do zagueiro do Juventude. Pior, a bola
ainda adquiriu uma trajetória improvável e não sobrou novamente na área, ao
contrário, tomou o espaço, encobriu a todos e, a despeito da torcida para cair
dentro do gol, foi se acomodar suave acima da rede, do lado de fora.
O
estrago estava feito. Depois daquele lance, sentei no sofá (os estádios
continuam vazios) me servi mais um pouco de cerveja e, tal qual meu amigo
estóico da crônica passada, aguardei resoluto o destino inexorável. E este veio
na forma de um pênalti, novamente um pênalti, aos 08 minutos do segundo tempo.
Dali adiante, só houve trocação de caneladas e o jogo estava acabado, perdemos
novamente por 1 a 0, só restava enxugar a baba da frustração e cuidar com a
vida.
A
história não trabalha com o “se”. É inútil. “Se” Pompeu tivesse vencido César na
Batalha de Farsálos, “se” Hitler tivesse tomado aquele tiro mais meio centímetro
pra esquerda, “se” John se atrasasse pra pegar o ônibus e não conhecesse Paul, “se”
Senna não batesse na curva tamburello, não dá pra saber o que seria, o que
aconteceria a seguir e como isso afetaria os acontecimentos. Por isso acredito
que o destino daquela bola era a bunda, o lance débil, nesse e em qualquer
outro universo paralelo. A fatídica e inevitável, bunda. Paciência. Sigamos.
Comentários
Postar um comentário